terça-feira, 23 de setembro de 2008

AS HISTÓRIAS DA MILUCHA - II

Teríamos para aí uns 7 ou 8 anos e naquele tempo os nossos pais - à moda da província de onde tinham vindo uns anos antes - tinham capoeiras com galinhas, coelhos, patos e alguns tinham inclusive codornizes.

A Milucha era muito bruta para os animaizitos, não que fizesse por mal mas ela era mesmo assim: uma vez virou uma galinha de pernas para o ar de tal maneira que a galinha morreu; doutra vez puxou o rabo de um coelho pela rede da capoeira e ficou com o rabo do coelho na mão; outra das suas vítimas era uma codorniz: atava um cordel a uma perna da codorniz e ía passear com ela como se fosse um cão pela trela.

Certo dia estávamos todos na rua a brincar e a Milucha a passear a pobre da codorniz e tínhamos uma companhia muito atenta: um gato com os olhos fixos na codorniz! À menor distracção dos humanos, o gato deu um salto, abocanhou a codorniz e fugiu com ela na boca de tal modo que nem a Milucha conseguiu segurar o cordel.

Começaram as crianças todas aos gritos e fui eu que dei uma de herói, nem sei como: corri atrás do gato, ele saltou um muro, eu fiz o mesmo e quando o felino se preparava para saborear a gostosa ave eu apliquei-lhe um golpe de karaté (na altura nem sabia o que era isso!) tão bem aplicado que o gato largou a codorniz e fugiu!

Voltei para trás com a codorniz - já defunta - nas mãos! Foi um choro pegado! Mas a codorniz teve direito a um funeral condigno! Quanto ao gato ainda hoje a sua descendência deve estar a maldizer o tataravô gato!!!

1 comentário:

Bichodeconta disse...

Primeiro que tudo achei imensa graça, tinha eu uns nove a dez anos, já trabalhava no campo e á tarde pediam para que eu cantasse , óptima forma de passar o tempo e claro, sempre poupavam nas pilhas..eE nessa altura o sr Gaudencio, Chamava-me Milucha, nome pelo qual fui conhecida durante muitos anos..Depois a graça de também eu, sempre que apanhava um passarito morto, ia á tia Belmira, pedia uma caixa das sementes Rebelo que servia de caixão ao dito, e fazia o funeral no quintal, com direito a cruz em cana, e ramo de flores..Grande contador de histórias Alex..E digo-te que isso não é para quem quer! Mas para quem pode..Parabéns..Um bom final de semana..