sábado, 15 de novembro de 2008

A VIDA POR VEZES TEM ACASOS QUE ATÉ O ACASO DESCONHECE...

Se fossem namorados teriam ido juntos ver o concerto do cantor preferido de ambos. Mas isso teria sido há uns anos. Entretanto, o tempo passou e - como se sabe - o tempo é rude, violento, implacável: nunca mais se tinham visto, sequer falado, no princípio ainda enviavam uns sms de bom aniversário ou de boas festas mas até isso se foi desfazendo com o tempo... o tal tempo rude, violento, implacável!

Ao entrar no recinto do concerto ela não podia deixar de pensar nele, afinal ao longo dos últimos anos, desde que se afastaram, houve sempre um momento ou outro, um símbolo ou outro que faziam a memória funcionar - e afinal eles até haviam estado ali naquele local, na altura a assistir a outros concertos com outros artistas.

Ela foi sozinha ao concerto! Não era habitual andar sozinha, quando não tinha companhia não ia a estas coisas, mas a sua vida conhecera algumas alterações nos últimos tempos - o tal tempo rude, violento e implacável! - de maneira que entrou sozinha, olhou o bilhete com lugar marcado, não havia funcionário que lhe indicasse por isso ela fixou a fila (fila F) e o número da cadeira (6) e guardou o bilhete na mala... o espectáculo começou entre muitas palmas e entusiasmo...

Ele chegou ofegante ao recinto. Vinha sozinho e já estava atrasado, há uns anos que estava a viver fora da cidade e apanhara muito trânsito. Ainda por cima teve que estacionar o carro longe dali... o espectáculo já tinha começado, o recinto estava cheio de público, completamente escuro, a funcionária pediu-lhe o bilhete, apontou a lanterninha para o dito, encaminhou-o e no local certo entregou-lho murmurando: «Fila F, número 7, é mesmo ali»...

1 comentário:

Bichodeconta disse...

A vida e o tempo a pregar partidas.. Espero que tenham tido o bom senso de não desperdiçar mais tempo.. Linda a história.. E pergunto mais uma vez:Para quando um livro com essas histórias de vida tão enriquecedouras?