terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O AUTOMÓVEL VERMELHO!

Ele ligou-lhe bem cedo. Ela acabara de sair de casa naquela manhã de temporal. O trânsito estava infernal. «Vai com cuidado», disse-lhe ele por telemóvel. «Está tudo parado, vou ter dificuldades em chegar ao trabalho», exclamou ela, «mas a Filomena vai comigo, havemos de lá chegar!»

Ele estava fora da cidade, em serviço. E naquela cidade nortenha chovia muito menos por isso ele nem tinha bem noção da quantidade de água que caía sobre o carro da namorada. «Que carro levaste?», perguntou ele. «O vermelho», respondeu ela. «Ok, fizeste bem, esse é mais seguro», anuiu ele. E acrescentou: «depois ligo-te logo à noite!». Ele retorquiu: «não te esqueças que tenho aquele jantar de colegas, se não atender é porque não ouvi à primeira!». «Ok, eu também tenho aquela reunião chata, vou despachar-me tarde!», concluiu ele.

«Está bem, agora tenho que desligar porque a água na estrada já chega quase à porta!», exclamou ela, mas ele ficou com a ideia que ela estava a brincar. Despediram-se e não conseguiram contactar o resto do dia. Ele ainda ligou à noite mas o telemóvel dela estava desligado. Não ficou preocupado, talvez ela tivesse ficado sem bateria e ainda deveria estar no tal jantar. E ele estava tão cansado depois da reunião que adormeceu mal chegou ao quarto.

No dia seguinte acordou ao som das notícias da rádio onde contavam que uma condutora fora arrastada pela força das águas e morrera. E outra ocupante da mesma viatura estava desaparecida. Um flash passou-lhe pela cabeça... mas não, o local onde aquilo aconteceu não tinha nada a ver com o percurso que a namorada costumava fazer.


Ele foi tomar o pequeno-almoço e entre uma torrada e um café pegou num dos jornais diários. E... a primeira página estava quase toda preenchida por uma fotografia com a imagem de uma grua a elevar um automóvel parcialmente desfeito de dentro de uma ribeira. O automóvel era vermelho...

4 comentários:

Bichodeconta disse...

Veridico e tão em cima da hora que assusta.. É caso para dizer, há dias em que não devianos sair de casa.. Só que mesmo no aconchego da nossa casa nos podem acontecer as coisas mais impensáveis.. Não é nunca culpa de ninguém ou de nada, mas assim se perdem duas vidas... ISTO HOJE ESTÁ TRISTINHO, A SÉRIO..UM ABRAÇO..

Maria Rosa Alves B .R. disse...

De facto é daqueles dias que nao dá para esquecer,mal veem umas chuvas mais fortes e é o que se vê.
mas ainda á pior ,lembren-se de paises onde nao morrem dois nas cheias, mas sim centenas,por isso este cantinho chamado Portugal ainda é muito bom,,,,,,,,

Sol da meia noite disse...

O destino???
Ou simplesmente aquele dia em que as coisas não correm como foram programadas?...

Filoxera disse...

Mau!... Não devemos esquecer-nos que, de um momento para o outro, toda a nossa vida pode sofrer uma reviravolta, né?
Beijos.